segunda-feira, 26 de março de 2012

Odeio...

Odeio o teu ar, a tua figura, a tua presença.
Não suporto as tuas piadas, o teu ridículo, as tuas discussões.
Imaginar o teu toque de gelo, o encosto dos teus lábios pútridos, o teu rompante visceral dentro de mim
faz-me sentir também eu azul, e roxa,
até que toda eu sou vermelho de exaspero
e toda a minha encarnação vibra de nojo e ódio e aversão!

A tua antecipação dá-me dores físicas. Odeio pensar-te. Odeio sentir-te.

Odeio Odiar-te!

7 de Abril de 2010

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A chuva entoa o cântico...

A chuva entoa o cântico que escorre e ecoa na minha mente. O meu corpo já o sabe de cor. Deixo que vibre na minha carne, se entranhe nos meus sentidos. Deixo que tome conta dos meus músculos e me faça dançar freneticamente até que, exausto, se evapore pelos meus poros.

Essas gotas de sangue, os meus olhos fecham-se para as receber.
Essas gotas de mel, os meus lábios abrem-se para te saborear.
Chuva ácida no meu peito ardente.

Vem, preenche-me.
Dá-me vida e abandona-me.

Só não te atrevas a tocar na minha Alma. Essa é Pura.
A Ela não te permito. Encarnação de Mentira e Ilusão.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

"Vício de ti"

Tenho o teu cheiro na minha respiração. Viciei-me no que me provocas. Às vezes entranhas-te em mim, bombeias-me o sangue. Apareces devagar, penetras-me a mente. Sonho-te acordada, sinto-te a dormir. Quero mais uma dose!

Não sei que elo me uniu a ti, mas faz-me querer mais. Vou calá-lo, não me vou envolver no teu perigo. Sei com o que jogo, contra o que jogo, e sei que vou perder. Escolho ficar com o que poderia ter sido.

Aquela lágrima intrigou-me. Não percebi o que a fez escorrer. Talvez seja melhor não saber.

O teu mundo

Às vezes parece que tudo para ti é um jogo. De conquista, de luta, de sobrevivência.

Na vida há muito mais que isso. Podes ter, experimentar, dar e receber muito mais que isso. Gostava que um dia experimentasses.

O único entrave na tua vida és tu mesmo. Parece-me que tens medo de sair do mundo em que te deixaste envolver e fechar, porque fizeste disso o teu território. Por mais obscuro e tóxico que possa ser, já só aí dentro te sentes protegido, porque é isso que conheces melhor. Imagino pelo homem que és que fiques relutante e seja difícil permitires-te arriscar a sair cá para fora, para terrenos desconhecidos. Mas do sítio onde estás agora, o que é que tens realmente a perder? Se um dia arriscares, sabes que tens onde te apoiar. Sei que não sou a única a conseguir ver para além de ti.

És um miúdo grande, já te tinha dito. Há tanto para além dele. Está aí, às vezes sinto-o. Tu não?

Gostava muito de um dia ver-te Crescer.

domingo, 24 de agosto de 2008

Wondering

I wonder...
when will this leave me
when will I love again, someone else, who will give me all the love I deserve, want and choose back
when will hapiness embrace me again
when will I fly in the arms of a loving angel

when will I feel free again

when will I truly come back ?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Música do chão

Volto aqui porque o ímpeto surgiu, no preciso momento em que mergulhei na memória e de repente nos vi a saltar e fazer música no chão. Sem abrir a boca, sem nem sequer nos olharmos. Passámos, saltámos, e as notas surgiram no mesmo instante, do chão as tuas e as minhas soltaram-se nossas. Só depois nos olhámos com sorrisos rasgados e notas de uma doce surpresa, familiar, como quando descobrimos mais uma vez que estamos sintonizados na mesma frequência, e parece mesmo que somos como um só ser dividido e extendido em dois. Era em momentos assim que sentia a Felicidade abraçar-me com força, até se fundir comigo.
"Sou maior que a Vida!", expiravam os meus poros.

Seguimos caminho e fomos beber chá.

domingo, 26 de agosto de 2007

Afirmações

Eu vou receber e ter e dar cada vez mais Amor.

Vou ter cada vez mais Paz e Felicidade.

Vou-me iluminar cada vez mais e mais.

Vou encontrar em breve tudo isto, porque o escolhi!

Paz :)

sábado, 11 de agosto de 2007

Foda-se

Foda-se, foda-se, foda-se, foda-se, foda-se!

Estás mais perto, estás por aqui e o meu corpo começa a querer ganhar vida para além da minha vontade -

ou a minha vontade é que se torna impertinente, desobediente, afasta os meus juízos e tenta levar-me,

cada vez com mais e mais força.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

... and another day has passed...

(you're still here)

... a new one is rising now...

(I know you'll be here again)

... I'm going to sleep.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

No céu escuro...

No céu escuro pintado de estrelas

nos dias mortos

na angústia

nos sons

no movimento

na respiração

na areia

naquela cadeira

naquela curva

quando desvio o olhar

quando desvio o pensamento

respiro

e Estás.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ele

Rodeiam-me sombras, cinzentos, negros, pedaços obscuros;
imagens difusas, pensamentos quebrados, razões inexistentes, essências contraditorias, névoa densa sobre mim.
No centro estou eu. Eu sou luz. O que está dentro de mim, o que vive comigo, do que sou feita, é claro, muito claro. Tão claro que fere a vista se olhado de frente.

Ele olha para dentro sem se ver. Ele pensa e quer e vive. Às vezes também conhece a dor. Dor que não compreende, não reconhece, não desvenda. Há um medo que o impede de se tornar luz também. Eu acho que é medo de si.

O Diário da Nossa Paixão II

"Fiz o melhor que pude para trazer a vida dela para dentro da minha, para nos tornarmos um outra vez".

O Diário da Nossa Paixão
, Nicholas Sparks


Quero descrever o que sinto mas não encontro meios.

Acabei hoje de ler este livro. Não o acho extraordinário, não gostei mesmo de algumas partes descritivas da acção - algo romance de cordel por vezes. Mas a história relatada tocou-me o coração. Cheguei a chorar algumas vezes enquanto o lia. Porque o lia com o coração. Porque os olhos que captavam as palavras eram os da minha Alma. E porque a minha Alma queria ser contigo como Noah e Allie. Absurdamente há algo em mim que continua a dizer que sim.

Este absurdo continua a estagnar-me.

domingo, 5 de agosto de 2007

Liberdade...?

Há muito que dói, continua a doer.

Dói de um modo que irrompe de dentro e atravessa tudo o que sou, penetrando, entranhando tudo de mim por onde passa. Mais do que quaisquer palavras possam transmitir.

Não sei se realmente não percebo ou se me nego perceber. Sem ti tudo fica claro. Nas vozes alheias tudo ganha um sentido embora cruel, limpo. Contigo vem a névoa densa, cegante, de tudo. Mas contigo nada faz sentido pois não? É como se tentasses embrulhar-me a mim e a ti no novelo esgotante em que se tornou tudo o que nos rodeia. Custa-me acreditar que sejas aquilo que sou obrigada a encarar, com os mesmos olhos das vozes alheias que trazem uma explicação. O meu teimoso interior continua a recusar-se...

Não interessa, nada interessa mais a partir daqui.

Nisto tenho que acreditar. Que me libertei do teu mal sem escrúpulos respeitante a mim. Só não consigo fazê-lo deste Amor.

Os pedacinhos translúcidos também continuam, como tu fizeste, sem me dar descanso.

Há-de passar não é? Dizem que o tempo cura tudo. Só me resta esperar e acreditar que o vou ver.

O Diário da Nossa Paixão

"A razão por que dói tanto separarmo-nos é porque as nossas almas estão ligadas. Talvez sempre tenham estado e sempre o fiquem. Talvez tenhamos vivido milhares de vidas antes desta, e em cada uma nos tenhamos reencontrado. E talvez que em cada uma tenhamos sido separados pelos mesmos motivos. Isto significa que esta despedida é, ao mesmo tempo, um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio ao que virá.

Quando olho para ti vejo a tua beleza e graça, e sei que cresceram mais fortes em cada vida que viveste. E sei que gastei todas as vidas antes desta à tua procura. Não de alguém como tu, mas de ti, porque a tua alma e a minha têm que andar sempre juntas. E assim, por uma razão que nenhum de nós entende, fomos obrigados a dizer adeus um ao outro.

Adoraria dizer-te que tudo correrá bem para nós, e prometo fazer tudo o que puder para garantir que assim será. Mas se nunca nos voltarmos a encontrar e isto for verdadeiramente um adeus, sei que nos veremos ainda noutra vida. Iremos encontrar-nos de novo, e talvez as estrelas tenham mudado, e nós não apenas nos amemos nesse tempo, mas por todos os tempos que tivemos antes."


Carta que Noah deu a Allie quando se separaram no fim do Verão, em O Diário da Nossa Paixão, de Nicholas Sparks.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Olhar os outros

Andava eu no outro dia pelas ruas de Lisboa a olhar os outros.

Olhava imaginando que pensamentos, motivações, desilusões, orgulhos e medos se esconderiam por baixo das roupas escolhidas, da imagem transmitida, correndo-lhes nas veias e ocupando as suas almas.

Pensei no que é que nos impele à individualidade.
O medo da vulnerabilidade? Mas que vulnerabilidade pode realmente existir no acto de nos assumirmos em plena consciência? Não nos tornaríamos talvez todos muito mais donos de nós próprios do que aquilo que julgamos ser quando nos resguardamos?
É verdade que pode ser algo frustrante tentar abrir o nosso ser a outro ser, porque esse outro terá a sua percepção única daquilo que lhe estamos a revelar, e no final é bem possível e provavel que a imagem que esse ser acaba por guardar de nós - por mais overdoses de honestidade que tenhamos e por mais barreiras protectoras que destruamos - seja mínima ou totalmente incongruente com a nossa verdadeira essência. Mas e depois? Será que o acto de nos abrirmos e expandirmos, independentemente do que isso resultou para outro alguém, não nos proporcionará das sensações mais libertadoras que possamos experimentar? E esse risco de sermos 'incompreendidos' na nossa essência, o que é que significa realmente? A maioria de nós tenta assumir-se como indiferente ao que os outros pensam de nós, mas então se o somos realmente, porque é que nos escondemos?

Sejamos realistas: todo e qualquer um de nós tem algo em si, aspectos da sua vida ou da pessoa que se é, que quer manter inconfessáveis; todo e qualquer um de nós tem o seu lado negro, os seus actos deliberadamente maus, o seu quê de filho-da-puta ou de patético, ou ambos, ou qualquer outra coisa negativa e destrutiva; todo e qualquer um de nós tem aqueles pensamentos que não ousa dizer em voz alta nem para si mesmo, com medo de que se tornem realmente reais, de modo a que tenhamos um dia que os encarar.
Ora se conseguimos ter esta noção, para quê esconder tudo isto?
Mais do que e depois disso, qual o problema em aceitá-lo nos outros, naqueles que amamos? Porque não deixar de lado os falsos choques com a imperfeição dos outros e assumir para nós e para eles que os amamos mesmo assim, porque afinal somos todos iguais?

E se de um dia para o outro todos nos déssemos e todos nos mostrássemos tal e qual como somos? Abrindo para quem quisesse ver e tentar compreender tudo o que nos esforçamos dia após dia por ocultar aos outros, muitas vezes e o que é pior, a nós próprios. Quais serão realmente os riscos desta transformação?

Dedos de hipocrisia apontados como lanças por quem se esconde? Acredito que sim. Mas e se na nossa aceitação de nós próprios fôssemos encontrando nas outras pessoas também aceitações delas próprias? E se descobríssemos que toda e qualquer relação humana se tornaria muito mais pura, intensa e verdadeira deste modo? Mais ainda, se descobríssemos que é realmente - e talvez apenas - possível encontrar a Felicidade com os nossos defeitos assumidos em vez de dissimulados por racionalidades construídas por e para nós?

Julgo que esta será a maior sensação de liberdade que possamos experimentar: viver connosco próprios e mostrá-lo a toda a gente.

sábado, 14 de julho de 2007

Em Paz

Tenho tudo preparado para adormecer. Deveria haver algo em mim a querer manter-me acordada mas não o consigo ouvir, vejo desfocado, não sei onde está. O torpor do meu corpo chama-me para o descanso.

Olho para todo o lado.
Procuro.
Não encontro esse algo que me deveria querer agarrar, onde me quero agarrar também.
Vazio.

Vazio.

Sei que em cada dia que passou até hoje procurei os meus ideais, os meus princípios, as bases que escolhi para serem as minhas. Sempre me preocupei em entender o que está na essência de nos relacionarmos com as outras pessoas. Escolhi encontrar o respeito, o dar, o sentir, o Amar.

Sei hoje que houve algo muito importante em que falhei: aprender a Amar-me a mim.

Travei muitas lutas relacionadas com isso, venci muitas batalhas em certas alturas.
Sinto que os golpes que hoje me sangram a Alma me fizeram perder a guerra final.
Procurei ajuda e procurei ajudar-me, não consegui.

Uma vez alguém me disse que eu vinha fazer mais nesta vida do que aquilo a que me tinha proposto. Hoje sinto que escolhi vir fazer mais do que aquilo que sou capaz de aguentar.

Ninguém tem culpa das minhas fraquezas. Percorri mal o meu caminho e dei comigo numa estrada que parece que não acaba nem tem saída.

Sinto agora que nada disso interessa.
Sinto agora que só quero descansar, sentir-me em Paz e que só encontro isso se me deixar adormecer.

Por isso vou dormir.

Fiquem em Paz e com todo o meu Amor.

Bem haja

A Ti

Nunca entendi essa raiva no teu olhar.
Porquê? Não percebo mas peço-te desculpa.

Desculpa se te fiz mal.

Tenho um pedido muito grande a fazer-te: por favor, aprende a AMAR.

Amo-te.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Sssshhh... cansaço!

Sinto-me um hamster.
Estou dentro de uma roda gigante - corro e a roda gira, gira, gira, gira, sem parar.

A mesma roda, girando.
A mesma cor, a mesma textura, as mesmas ranhuras.
A mesma roda.
As marcas velhas mais as marcas novas que vão surgindo enquanto a mesma roda gira, gira.
A mesma, sempre a mesma, igual.

Quero, muito, quero! saltar.
Não salto, só corro, e a roda gira.
A mesma roda.
Igual.


Sabem que há hamsters que correm até morrer?

sábado, 23 de junho de 2007

No caminho do fundo

Afundei-me.

A força do meu corpo abandonou-me.
Agarro na pouca energia que ainda tenho e estico os braços freneticamente à espera de sentir uma mão segura a agarrar a minha, a puxar-me com força e levantar-me.

Tento gritar, a voz sussurra.

Agarro-me e empurro-me, desorientada.

Não consigo ver nada diante de mim. Alucino e imagino a tua silhueta a aproximar-se, estou delirante.

A minha expressão física está quase vazia.

A Separação quer acontecer.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Sede de Amor!

Que Ele me agarre, me toque, me envolva e proteja, que nunca me troque, que nunca me abandone.

Encontra-me depressa, estou a apagar...
Todos os dias me verto um pouco, enquanto chamo e espero por ti. Por Ti.

Encontra-me depressa, por mim.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Morro, morro, morro.

(Alguém me observa).

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Esboço

A comunicação é crucial. Falta aqui um complemento? Em tudo.

O acto de comunicar é muito poderoso. Escolher as palavras, a altura, o local, o modo, o meio, as expressões e sermos bem sucedidos em todas estas escolhas diria eu que é, em certas ocasiões, de génio. Estou a ser muito vaga. Pretendo por agora espelhar tudo isto nas comunicações entre duas pessoas apenas. Duas pessoas que deveriam - em nome de tempos passados e fugazes mas que perduram no ser de alguém - estar próximas, mas que se afastam cada vez mais, e mais, e mais, como diz a música.

Estou neste momento a lutar sem estratégia, sem razão, sem plano, sem nexo, para que não tenhamos que nos afastar a um ponto que venha a ser irreversível - embora não tenha a certeza se acredito nesta palavra. Acredito contudo que um ser sozinho não tem capacidade para evitar uma ruptura desta natureza.
Isto não tem o mais pequeno sentido quando luto ao mesmo tempo para me afastar de ti, mas esse é um outro texto.

Retomando a minha ideia original, o que pretendo transmitir é que é muito mais complicado conseguir-se comunicar e expôr exactamente o que se pretende do que aquilo que, pelo menos eu, cheguei a imaginar. Julgo que a história de cada um de nós é o que mais interfere neste processo. Aquilo que dizemos do modo que o fazemos diz muito do que somos. É isto que complica: é muito difícil conseguirmos conhecer a história de alguém o suficiente para prevermos o que as nossas palavras vão suscitar dentro de outra pessoa.

Provavelmente não me estou a expressar do modo mais correcto; o que pretendo transmitir é um pouco o que se descobre no livro A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, quando percebemos que (espero mesmo não estar em erro ao mencionar os nomes das personagens e com esse erro espezinhar o esforço em apresentar o raciocínio) Franz tenta aproximar-se de Sabina, interessando-se e querendo envolver-se no passado desta através de uma reunião que supostamente reflecte um pouco do que ela é; uma reunião que ele julga aproximá-lo das raízes de Sabina, sem sonhar que a mesma reunião a repugna. Este evento, que Franz pretende ser algo que o aproxime, afasta-o completamente por não imaginar o que provoca nela, para onde a remete e o que a faz sentir.
Se não houver em nós a capacidade de abrir o que somos, o que pensamos, o que sentimos, sobre os mais variados temas, nunca nos vamos sentir compreendidos por outrem a longo prazo, porque aquilo que tentamos dizer pode ser interpretado de uma maneira completamente distorcida daquilo que pretendemos e, para que isso aconteça, basta que escolhamos um sinónimo em vez de outro.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

terça-feira, 22 de maio de 2007

Olha-me de novo a gritar!

Só para ouvir o meu eco.

Falo ao vento, também ele não tem ouvidos.
Também ele me deixa entoar sentimentos, preces, súplicas. Só para me olhar distante, enquanto atiro palavras e sons à beira do precipício, desviando das rochas o olhar por não querer ver o frio gélido.
Concentro-me com esforço no azul-mar límpido, procurando o que nele quero que se esconda, semicerrando os olhos, abrindo e fechando os sentidos, querendo enfrentar e fugir da verdade que quero assumida, da verdade que não quero saber.

Só tu podes saber.

Também o vento me obriga a senti-lo, sem que também ele me sinta.
Deixo-me levar na esperança desmedida.

Continuo sem ter retorno. Acho que o vazio da ilusão era menos doloroso. Tenho agora o vazio da realidade. Aguardo, esperando em nome de uma crença enraizada em que já não acredito.
Sentido? Tem todo.

É aqui, e só aqui, que sou forte como ninguém. No caminho que me abate.

sábado, 19 de maio de 2007

Por enquanto, por aqui

Estás de novo comigo, mas já não te sinto.

Onde foste?

Quero-te em mim Paixão; quero, sim.
Procuro-te, não ouves a minha voz?
Não sentes o meu braço esticado à espera que o agarres para te trazer de volta?

Por enquanto espero,

ainda estou por aqui.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Apetece-me dizer-te que te odeio

Apetece-me dizer-te que te odeio. Odeio-te com tudo o que sou, por todos os poros do meu corpo. Odeio-te por me teres feito apaixonar com toda esta força que moveu e abalou o meu mundo inteiro. Odeio-te porque essa paixão se transformou no Amor mais forte, real, puro, profundo, resistente a tudo o que passou, a tudo o que se há-de passar, verdadeiramente incondicional.

Esse mesmo. Aquele que eu queria encontrar em cada dia que amanhecia, aquele que eu sabia existir sem nunca ter experimentado, aquele que me ía arrebatar sem aviso e transportar para a maior Felicidade que algum Ser é capaz de sentir, porque por ele e contigo ía construir, manter e criar tudo o que fosse necessário para que nos realizássemos, juntos, interligados, sempre.
Ah, como te odeio.

Odeio-te porque sinto o raio do Amor que sempre quis sentir, por ti, pela alma que vejo por trás do azul, a alma que sinto no toque da tua pele, no conforto calmo do teu abraço seguro, aquela que está lá quando, contigo perto, fecho os olhos, aquela que me falta, me rasga, me parte, me divide e incompleta por não estar comigo enquanto caminho e nos procuro.

Odeio-te porque me privilegiaste no dia em que me apaixonei por ti para pouco tempo depois me arruinares com o choque de frente à realidade da tua inconsonância com tudo o que passou a fazer parte de mim. Tu não me Amavas de volta. Tu não sentias a minha alma de mãos dadas misturando-se com a tua através do tempo, do espaço, do físico, do abstracto, deste plano e talvez de outros. Tu não viste que eu e tu tínhamos que ser nós. Tu não soubeste, não viste nem sentiste nada do que me proporcionaste.

Odeio-te porque em vez de nos veres, de nos quereres e nos protegeres, destruíste-me enquanto eu o tentava fazer sozinha.

Odeio-te porque já não consigo imaginar outros caminhos, desvios, novos rumos, diferentes objectivos, qualquer porcaria que me dê força para levantar, afastando-me de ti muito mais que fisicamente, que me dê vontade de viver, de lutar, de te ultrapassar e que no percurso me deixe aberta a uma nova e diferente felicidade.

Odeio-te porque traíste vergonhosamente a confiança que depositei em ti, agarraste no meu apreço por mim própria quase recém-conquistado e deitaste-o em qualquer sítio longe de mim novamente. Reduziste todas as lutas que tinha travado e que me tinham ajudado a ser quem era, que me tinham ajudado a gostar de mim, a sentir-me ser alguém, capaz, a recordações inúteis de algo que fui, agora inexistente.

Odeio-te porque voltei a ser pequena, porque me obrigaste a ter que lutar nessas batalhas que pensei extintas e porque para além disso ainda levaste contigo a força que em tempos tive.
Odeio-te porque às vezes já nem me sinto gente, porque não foste capaz de me ajudar a curar as feridas que abriste, porque não me devolves o que levaste, porque o que te dei não teve retorno e eu não soube deixar de continuar a dar-me.

Odeio-te porque foste a pessoa que mais Amei, a quem mais dei e que mais me falhou.

Porque me obrigaste a sentir de novo inútil, fraca, dispensável, inferior a todos.
Porque não sei sair disto, porque preciso de ti mas tu não estás para mim como quase nunca estiveste, porque nunca aprendeste.
Porque as lágrimas me molham enquanto escrevo e porque a única verdade que existe em mim continua a ser apenas o que sinto por ti.

[Quarta-feira, 11 de Abril de 2007]

Ouve, meu Amor

Às vezes sinto-me muito ignorante ao pé de ti. És típico do nosso signo, sabes sempre pelo menos um pouco acerca de muitos e variados assuntos que algumas vezes desconheço por completo. No entanto pareces saber talvez menos que o necessário sobre ti e é quando me deparo com essa percepção que me sinto um pouco ‘maior’. Em algumas ocasiões parece que te leio melhor que tu.

Esqueceste o básico, meu Amor. Aquelas frases feitas e aqueles lugares comuns que ditam as maiores e mais simples verdades sobre nós. Desfilam repetida e quase constantemente à frente do espelho das nossas Almas mesmo que nunca o tenhamos procurado. Crescemos e vivemos com essas afirmações absolutas bailando pelas nossas vidas, vendidas ao desbarato e talvez seja essa oferta abundante a causa da sua desvalorização. Faz sentido, não? O escasso só por isso é tão mais desejável.

Mas ouve, meu Amor, vê, sente, deixa que se entranhe, deixa que te guie, não tenhas medo nem relutância nem pudor. Por favor. Abre os olhos, os sentidos, o coração, a Alma e, por favor, deixa-te ser Feliz.

Revive os contos, as fábulas, as morais das histórias, as canções, os desenhos animados, os livros, os filmes, as músicas, as frases, talvez palavras, os pensamentos e o que mais tenha deixado pequenas marcas em ti. Não precisas recordar tudo, basta que te deixes sentir de novo as sensações de outrora que ficaram. Aquelas primeiras certezas que te firmaram o carácter, quando sentiste descobrir as primeiras verdades absolutas sobre a fórmula desta vida. Tão simples, certas, vulgares mas sublimes como um nascer do Sol a que nos deixamos habituar e tristemente esquecer.

Recorda, meu Amor, mas não te limites a recordar. VIVE, por favor.

[Quinta-feira, 15 de Março de 2007]

Uma gota

E de novo, de novo, mais, de novo e outra vez, novamente. Agarras, puxas, guardas só para ti. Largas. Puxas um pouquinho, mas só um pouquinho, para depois deixares ficar onde quer que esteja.

Muito fácil, tão simples.

Hoje estive no cabo Espichel. Apetecia-me fundir com o mar revolto lá em baixo, tornar-me naquela orla de espuma branca, talvez dar-lhe um outro tom. Só mais uma gotinha na imensidão salgada que ninguém nota que está ali. Como aqui, mas ali sem sentir, sem pensar, sem nem sequer existir. Às vezes peço-o mas aqui estou.

[Domingo, 11 de Fevereiro de 2007]

Saí

Saio de casa na esperança de encontrar não sei o quê. Passei o dia inteiro fechada e perdida - talvez encontre um sinal de mim por aí.

Vou para aquele sítio com o rio em frente onde já me sentei na esplanada a apanhar sol e a sucumbir às minhas divagações. Mas neste dia não há sol, nem esplanada. É tarde, de noite, está frio. Sento-me num banco húmido de jardim. Ando um pouco por aqui e por ali, sem praticamente sair do mesmo sítio. Espero que apareças, sabendo que não vais chegar. Mas espero mais um pouco. E mais um pouco.

Apercebo-me do que estou a fazer e não consigo conter o choro. Ando mais um pouco por aqui e por ali enquanto as lágrimas vão passeando pelo meu rosto. Evito que alguém me veja. No jardim estão alguns grupos de amigos, passam alguns casais de namorados e afasto-me de toda a gente. Não sei o que fazer, para onde ir, com quem falar, só sei chorar. Então choro mais e mais. Decido voltar para casa e não consigo parar de chorar.

Finalmente chego e apercebo-me que podia não ter saído. Não interessa para onde fui nem para onde poderia ter ido. Enquanto não souber separar-me de ti vou sempre estar fechada dentro deste nós que não existe e perdida naquilo que já fui (será que alguma vez fui?), que não sou... já nem sei como ser



...eu.

[Domingo, 07 de Janeiro de 2007]
Finjo que sou e sou o que finjo. Quem sou? Sou o que sinto e finjo o que sinto enquanto dissimulo a mentira mais verdadeira.

Se mostro a dor não percebes que o sou. Só vês a minha aparente felicidade, tomada como autêntica, e isso não é nada de mim. Quero que me vejas! E que me queiras mesmo assim! Mas eu mostro e tu não sabes vir, estar ao meu lado quando choro, limpar as minhas lágrimas, afastar os meus medos com o teu abraço e dizer que me Amas.

Estou farta de me guardar para quando estou sozinha. Farta de fazer e esquecer e perdoar tudo só por te querer.

Ando a pensar ir-me embora, mesmo sabendo que não consigo.

[Sábado, 06 de Janeiro de 2007]

Sem saber

Olho para dentro de mim e choro sem saber explicar porquê. Choro como uma criança aflita; sinto isto tudo e este nada, sozinha, no meu quarto, sem pudores nem sorrisos fingidos para aqueles que me olham sem me verem, porque aqui não há ninguém e porque quando há alguém eu não quero mostrar quem sou.

Porque eu sou só isto tudo que não é nada.

E cheia de vazio sou a dor de quem já foi tudo sem nunca o ter sido enquanto vou vertendo pelo espelho da minha alma pedacinhos translúcidos de mim.

[Sexta-feira, 22 de Dezembro de 2006]
Estamos os dois
Olhas-me e aqueces-me
Observo-te, sinto-te,
fecho os olhos e
Desejo-te

És o único que desejo,
sabias?
que é possível Amar e querer e desejar um só?


[Sábado, 16 de Dezembro de 2006]

Restos

E esta sensação tão má, angustiante, dolorosa que me torna desesperada e toma conta de mim!

E tudo passa a ser 'isso', 'isso' passa a ser tudo, porque tudo o que sempre quis foi encontrar um Amor como o teu... O Meu Amor. És tu. O Meu Amor. Aquele tão fundo e profundo que preenche o meu ser e alcança a minha Alma; porque ela se viu em ti.

O que será mais forte que isso? Não consigo imaginar.

Por não conseguir imaginar acredito que nada tem mais força e vou deixando que isto me consuma e me vá destruíndo, enquanto eu tento contrariar, quando encontro forças,

e luto.

Não, afinal só consigo observar, impávida, sem forças para impedir nada do que 'isso' queira fazer do que por enquanto ainda resta em mim...
Seja lá o que isso for,

o que resta em mim

é

(só) Teu.

Meu Amor...


(Sshh... salva-me!)

[Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2006]

O teu abraço

Sento-me numa esplanada a apanhar sol, com o rio em frente. Olho as cores de fim de tarde no céu e tu preenches-me.

Assim.

Em algum momento no tempo vislumbraste a minha Alma e ela quis que nunca mais te afastasses daquilo que eu sou.

Uma qualquer recordação de nós, de ti, que por algum motivo ficou vividamente registada na minha memória assola-me. Imaginação?

Às vezes os momentos vividos e aqueles que eu quero viver misturam-se na minha mente. Não me preocupo com isso. Deixo-me apenas levar para onde quer que a força da tua ausência quer que eu esteja naquele momento e, por breves momentos, estas minhas fantasias e divagações são tudo o que preciso e a única coisa que me consegue trazer uma lembrança da Felicidade com que o meu Amor por ti já me abençoou.

Seja recordação ou imaginação, naquele momento eu estou num sítio em que só eu te tenho, em que estás ali só para mim como eu só para ti e nós os dois para este inqualificável Amor.
E porque esta sensação de que estamos juntos e unidos para além do espaço e do tempo é efémere, eu olho para o lado já acordada e distante deste mundo só meu. Tu não estás, de novo.

A realidade fria da falta que me fazes preenche-me, penetra-me, completa todos os espaços do meu ser ao mesmo tempo que me deixa vazia e preparada para voltar a receber a maior amiga, a mais fiel, aquela que me acompanha para onde quer que eu vá, faça eu o que estiver a fazer, aterrorizantemente presente: a teimosa, persistente, irritante, permanente... dor.

O sol foi-se escondendo devagarinho.

Está frio...

dá-me o teu abraço.

[Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2006]

Benvinda eu!


Migrei de um outro recanto cibernético.


Vou começar a passar para aqui os poucos textos desse recanto que vou abandonar.


Ocasionalmente voltarei a espelhar-me, a mim e à outra, em puzzles de letras.


Espero que ninguém me descubra; ou então espero que todos o façam. Ainda não me decidi acerca desse assunto.


Bem haja!


Paz :)