quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O teu mundo

Às vezes parece que tudo para ti é um jogo. De conquista, de luta, de sobrevivência.

Na vida há muito mais que isso. Podes ter, experimentar, dar e receber muito mais que isso. Gostava que um dia experimentasses.

O único entrave na tua vida és tu mesmo. Parece-me que tens medo de sair do mundo em que te deixaste envolver e fechar, porque fizeste disso o teu território. Por mais obscuro e tóxico que possa ser, já só aí dentro te sentes protegido, porque é isso que conheces melhor. Imagino pelo homem que és que fiques relutante e seja difícil permitires-te arriscar a sair cá para fora, para terrenos desconhecidos. Mas do sítio onde estás agora, o que é que tens realmente a perder? Se um dia arriscares, sabes que tens onde te apoiar. Sei que não sou a única a conseguir ver para além de ti.

És um miúdo grande, já te tinha dito. Há tanto para além dele. Está aí, às vezes sinto-o. Tu não?

Gostava muito de um dia ver-te Crescer.

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

"... não é o mundo que é mau, Bladin. Eu é que sou mau para o mundo,
eu sou espúrio nele. Odeio sair de casa meu refúgio meu casulo,
'conviver', traçar passos em longos passeios habitados por sei lá quem,
expor a minha fragilidade a olhos predadores ou olhar a submissão,
os olhos de carneiro pastando pastando pastando, encontrão a encontrão.
Busco âncoras. Como todos, dirás tu e acertadamente.
Um Poeta disse-me que transportamos ilhas à procura de arquipélagos.
Será. Eu fujo à forca, esse nó que me asfixia os momentos, esse instante negado,
Bladin; negado e mentido, afinal só adiado, adiado porque ainda não tenho tinta para ele.
O meu pé escorrega no degrau e atraso mais um lance. Para quê?
assobio para o lado sabendo que o sino repica quando
espreito à janela, à rua, ele toa com mais força quando me vê.
Tão lúgrebe... oh Bladin, doce Bladin como a outra, e outra,
sempre outras e todas doces, ternas, sedas que fazem esquecer a rudez da mortalha,
pano cru e sem afagos pois quem vai sem volta já não os precisa. Falo da morte física, é?
deixa-me adivinhar... não, sim, não, sim, bem-me-quer mal-me-quer, não há no bolso trevo mágico.
Há cotão. Há dias assim, Bladin, em que o rasto no quarteirão que espreito é igual a mim que o deixo:
soez, taciturno, 'má onda', costas do tamanho da ilha que transporto, dobradas pelas
raízes das palmeiras que nela mantenho, Lê e rasga esta carta, faz o que te peço Bladin.
Não me respondas, não mostres nem cinto-de-ligas nem regaço maternal: este jardim de ar abandonado
é de minha cura e monda e, quando lhe vires flores, novas, bonitas e de nomes que não sei como miosótis
e outras que tais, senta-te então num banco e desfolha uma, bem-me-quer mal-me-quer, sabes, dá um sopro
às pétalas e deixa-as voar até poisarem na terra das palmeiras, seu húmus de ressuscitar, quem sabe?
dum arquipélago encontrar, encostar-lhe a praia ao peito e em suaves ondas nele chorar
(as ilhas choram, acredita-me Bladin)..."