quarta-feira, 30 de maio de 2007

terça-feira, 22 de maio de 2007

Olha-me de novo a gritar!

Só para ouvir o meu eco.

Falo ao vento, também ele não tem ouvidos.
Também ele me deixa entoar sentimentos, preces, súplicas. Só para me olhar distante, enquanto atiro palavras e sons à beira do precipício, desviando das rochas o olhar por não querer ver o frio gélido.
Concentro-me com esforço no azul-mar límpido, procurando o que nele quero que se esconda, semicerrando os olhos, abrindo e fechando os sentidos, querendo enfrentar e fugir da verdade que quero assumida, da verdade que não quero saber.

Só tu podes saber.

Também o vento me obriga a senti-lo, sem que também ele me sinta.
Deixo-me levar na esperança desmedida.

Continuo sem ter retorno. Acho que o vazio da ilusão era menos doloroso. Tenho agora o vazio da realidade. Aguardo, esperando em nome de uma crença enraizada em que já não acredito.
Sentido? Tem todo.

É aqui, e só aqui, que sou forte como ninguém. No caminho que me abate.

sábado, 19 de maio de 2007

Por enquanto, por aqui

Estás de novo comigo, mas já não te sinto.

Onde foste?

Quero-te em mim Paixão; quero, sim.
Procuro-te, não ouves a minha voz?
Não sentes o meu braço esticado à espera que o agarres para te trazer de volta?

Por enquanto espero,

ainda estou por aqui.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Apetece-me dizer-te que te odeio

Apetece-me dizer-te que te odeio. Odeio-te com tudo o que sou, por todos os poros do meu corpo. Odeio-te por me teres feito apaixonar com toda esta força que moveu e abalou o meu mundo inteiro. Odeio-te porque essa paixão se transformou no Amor mais forte, real, puro, profundo, resistente a tudo o que passou, a tudo o que se há-de passar, verdadeiramente incondicional.

Esse mesmo. Aquele que eu queria encontrar em cada dia que amanhecia, aquele que eu sabia existir sem nunca ter experimentado, aquele que me ía arrebatar sem aviso e transportar para a maior Felicidade que algum Ser é capaz de sentir, porque por ele e contigo ía construir, manter e criar tudo o que fosse necessário para que nos realizássemos, juntos, interligados, sempre.
Ah, como te odeio.

Odeio-te porque sinto o raio do Amor que sempre quis sentir, por ti, pela alma que vejo por trás do azul, a alma que sinto no toque da tua pele, no conforto calmo do teu abraço seguro, aquela que está lá quando, contigo perto, fecho os olhos, aquela que me falta, me rasga, me parte, me divide e incompleta por não estar comigo enquanto caminho e nos procuro.

Odeio-te porque me privilegiaste no dia em que me apaixonei por ti para pouco tempo depois me arruinares com o choque de frente à realidade da tua inconsonância com tudo o que passou a fazer parte de mim. Tu não me Amavas de volta. Tu não sentias a minha alma de mãos dadas misturando-se com a tua através do tempo, do espaço, do físico, do abstracto, deste plano e talvez de outros. Tu não viste que eu e tu tínhamos que ser nós. Tu não soubeste, não viste nem sentiste nada do que me proporcionaste.

Odeio-te porque em vez de nos veres, de nos quereres e nos protegeres, destruíste-me enquanto eu o tentava fazer sozinha.

Odeio-te porque já não consigo imaginar outros caminhos, desvios, novos rumos, diferentes objectivos, qualquer porcaria que me dê força para levantar, afastando-me de ti muito mais que fisicamente, que me dê vontade de viver, de lutar, de te ultrapassar e que no percurso me deixe aberta a uma nova e diferente felicidade.

Odeio-te porque traíste vergonhosamente a confiança que depositei em ti, agarraste no meu apreço por mim própria quase recém-conquistado e deitaste-o em qualquer sítio longe de mim novamente. Reduziste todas as lutas que tinha travado e que me tinham ajudado a ser quem era, que me tinham ajudado a gostar de mim, a sentir-me ser alguém, capaz, a recordações inúteis de algo que fui, agora inexistente.

Odeio-te porque voltei a ser pequena, porque me obrigaste a ter que lutar nessas batalhas que pensei extintas e porque para além disso ainda levaste contigo a força que em tempos tive.
Odeio-te porque às vezes já nem me sinto gente, porque não foste capaz de me ajudar a curar as feridas que abriste, porque não me devolves o que levaste, porque o que te dei não teve retorno e eu não soube deixar de continuar a dar-me.

Odeio-te porque foste a pessoa que mais Amei, a quem mais dei e que mais me falhou.

Porque me obrigaste a sentir de novo inútil, fraca, dispensável, inferior a todos.
Porque não sei sair disto, porque preciso de ti mas tu não estás para mim como quase nunca estiveste, porque nunca aprendeste.
Porque as lágrimas me molham enquanto escrevo e porque a única verdade que existe em mim continua a ser apenas o que sinto por ti.

[Quarta-feira, 11 de Abril de 2007]

Ouve, meu Amor

Às vezes sinto-me muito ignorante ao pé de ti. És típico do nosso signo, sabes sempre pelo menos um pouco acerca de muitos e variados assuntos que algumas vezes desconheço por completo. No entanto pareces saber talvez menos que o necessário sobre ti e é quando me deparo com essa percepção que me sinto um pouco ‘maior’. Em algumas ocasiões parece que te leio melhor que tu.

Esqueceste o básico, meu Amor. Aquelas frases feitas e aqueles lugares comuns que ditam as maiores e mais simples verdades sobre nós. Desfilam repetida e quase constantemente à frente do espelho das nossas Almas mesmo que nunca o tenhamos procurado. Crescemos e vivemos com essas afirmações absolutas bailando pelas nossas vidas, vendidas ao desbarato e talvez seja essa oferta abundante a causa da sua desvalorização. Faz sentido, não? O escasso só por isso é tão mais desejável.

Mas ouve, meu Amor, vê, sente, deixa que se entranhe, deixa que te guie, não tenhas medo nem relutância nem pudor. Por favor. Abre os olhos, os sentidos, o coração, a Alma e, por favor, deixa-te ser Feliz.

Revive os contos, as fábulas, as morais das histórias, as canções, os desenhos animados, os livros, os filmes, as músicas, as frases, talvez palavras, os pensamentos e o que mais tenha deixado pequenas marcas em ti. Não precisas recordar tudo, basta que te deixes sentir de novo as sensações de outrora que ficaram. Aquelas primeiras certezas que te firmaram o carácter, quando sentiste descobrir as primeiras verdades absolutas sobre a fórmula desta vida. Tão simples, certas, vulgares mas sublimes como um nascer do Sol a que nos deixamos habituar e tristemente esquecer.

Recorda, meu Amor, mas não te limites a recordar. VIVE, por favor.

[Quinta-feira, 15 de Março de 2007]

Uma gota

E de novo, de novo, mais, de novo e outra vez, novamente. Agarras, puxas, guardas só para ti. Largas. Puxas um pouquinho, mas só um pouquinho, para depois deixares ficar onde quer que esteja.

Muito fácil, tão simples.

Hoje estive no cabo Espichel. Apetecia-me fundir com o mar revolto lá em baixo, tornar-me naquela orla de espuma branca, talvez dar-lhe um outro tom. Só mais uma gotinha na imensidão salgada que ninguém nota que está ali. Como aqui, mas ali sem sentir, sem pensar, sem nem sequer existir. Às vezes peço-o mas aqui estou.

[Domingo, 11 de Fevereiro de 2007]

Saí

Saio de casa na esperança de encontrar não sei o quê. Passei o dia inteiro fechada e perdida - talvez encontre um sinal de mim por aí.

Vou para aquele sítio com o rio em frente onde já me sentei na esplanada a apanhar sol e a sucumbir às minhas divagações. Mas neste dia não há sol, nem esplanada. É tarde, de noite, está frio. Sento-me num banco húmido de jardim. Ando um pouco por aqui e por ali, sem praticamente sair do mesmo sítio. Espero que apareças, sabendo que não vais chegar. Mas espero mais um pouco. E mais um pouco.

Apercebo-me do que estou a fazer e não consigo conter o choro. Ando mais um pouco por aqui e por ali enquanto as lágrimas vão passeando pelo meu rosto. Evito que alguém me veja. No jardim estão alguns grupos de amigos, passam alguns casais de namorados e afasto-me de toda a gente. Não sei o que fazer, para onde ir, com quem falar, só sei chorar. Então choro mais e mais. Decido voltar para casa e não consigo parar de chorar.

Finalmente chego e apercebo-me que podia não ter saído. Não interessa para onde fui nem para onde poderia ter ido. Enquanto não souber separar-me de ti vou sempre estar fechada dentro deste nós que não existe e perdida naquilo que já fui (será que alguma vez fui?), que não sou... já nem sei como ser



...eu.

[Domingo, 07 de Janeiro de 2007]
Finjo que sou e sou o que finjo. Quem sou? Sou o que sinto e finjo o que sinto enquanto dissimulo a mentira mais verdadeira.

Se mostro a dor não percebes que o sou. Só vês a minha aparente felicidade, tomada como autêntica, e isso não é nada de mim. Quero que me vejas! E que me queiras mesmo assim! Mas eu mostro e tu não sabes vir, estar ao meu lado quando choro, limpar as minhas lágrimas, afastar os meus medos com o teu abraço e dizer que me Amas.

Estou farta de me guardar para quando estou sozinha. Farta de fazer e esquecer e perdoar tudo só por te querer.

Ando a pensar ir-me embora, mesmo sabendo que não consigo.

[Sábado, 06 de Janeiro de 2007]

Sem saber

Olho para dentro de mim e choro sem saber explicar porquê. Choro como uma criança aflita; sinto isto tudo e este nada, sozinha, no meu quarto, sem pudores nem sorrisos fingidos para aqueles que me olham sem me verem, porque aqui não há ninguém e porque quando há alguém eu não quero mostrar quem sou.

Porque eu sou só isto tudo que não é nada.

E cheia de vazio sou a dor de quem já foi tudo sem nunca o ter sido enquanto vou vertendo pelo espelho da minha alma pedacinhos translúcidos de mim.

[Sexta-feira, 22 de Dezembro de 2006]
Estamos os dois
Olhas-me e aqueces-me
Observo-te, sinto-te,
fecho os olhos e
Desejo-te

És o único que desejo,
sabias?
que é possível Amar e querer e desejar um só?


[Sábado, 16 de Dezembro de 2006]

Restos

E esta sensação tão má, angustiante, dolorosa que me torna desesperada e toma conta de mim!

E tudo passa a ser 'isso', 'isso' passa a ser tudo, porque tudo o que sempre quis foi encontrar um Amor como o teu... O Meu Amor. És tu. O Meu Amor. Aquele tão fundo e profundo que preenche o meu ser e alcança a minha Alma; porque ela se viu em ti.

O que será mais forte que isso? Não consigo imaginar.

Por não conseguir imaginar acredito que nada tem mais força e vou deixando que isto me consuma e me vá destruíndo, enquanto eu tento contrariar, quando encontro forças,

e luto.

Não, afinal só consigo observar, impávida, sem forças para impedir nada do que 'isso' queira fazer do que por enquanto ainda resta em mim...
Seja lá o que isso for,

o que resta em mim

é

(só) Teu.

Meu Amor...


(Sshh... salva-me!)

[Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2006]

O teu abraço

Sento-me numa esplanada a apanhar sol, com o rio em frente. Olho as cores de fim de tarde no céu e tu preenches-me.

Assim.

Em algum momento no tempo vislumbraste a minha Alma e ela quis que nunca mais te afastasses daquilo que eu sou.

Uma qualquer recordação de nós, de ti, que por algum motivo ficou vividamente registada na minha memória assola-me. Imaginação?

Às vezes os momentos vividos e aqueles que eu quero viver misturam-se na minha mente. Não me preocupo com isso. Deixo-me apenas levar para onde quer que a força da tua ausência quer que eu esteja naquele momento e, por breves momentos, estas minhas fantasias e divagações são tudo o que preciso e a única coisa que me consegue trazer uma lembrança da Felicidade com que o meu Amor por ti já me abençoou.

Seja recordação ou imaginação, naquele momento eu estou num sítio em que só eu te tenho, em que estás ali só para mim como eu só para ti e nós os dois para este inqualificável Amor.
E porque esta sensação de que estamos juntos e unidos para além do espaço e do tempo é efémere, eu olho para o lado já acordada e distante deste mundo só meu. Tu não estás, de novo.

A realidade fria da falta que me fazes preenche-me, penetra-me, completa todos os espaços do meu ser ao mesmo tempo que me deixa vazia e preparada para voltar a receber a maior amiga, a mais fiel, aquela que me acompanha para onde quer que eu vá, faça eu o que estiver a fazer, aterrorizantemente presente: a teimosa, persistente, irritante, permanente... dor.

O sol foi-se escondendo devagarinho.

Está frio...

dá-me o teu abraço.

[Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2006]

Benvinda eu!


Migrei de um outro recanto cibernético.


Vou começar a passar para aqui os poucos textos desse recanto que vou abandonar.


Ocasionalmente voltarei a espelhar-me, a mim e à outra, em puzzles de letras.


Espero que ninguém me descubra; ou então espero que todos o façam. Ainda não me decidi acerca desse assunto.


Bem haja!


Paz :)