quinta-feira, 17 de maio de 2007

Saí

Saio de casa na esperança de encontrar não sei o quê. Passei o dia inteiro fechada e perdida - talvez encontre um sinal de mim por aí.

Vou para aquele sítio com o rio em frente onde já me sentei na esplanada a apanhar sol e a sucumbir às minhas divagações. Mas neste dia não há sol, nem esplanada. É tarde, de noite, está frio. Sento-me num banco húmido de jardim. Ando um pouco por aqui e por ali, sem praticamente sair do mesmo sítio. Espero que apareças, sabendo que não vais chegar. Mas espero mais um pouco. E mais um pouco.

Apercebo-me do que estou a fazer e não consigo conter o choro. Ando mais um pouco por aqui e por ali enquanto as lágrimas vão passeando pelo meu rosto. Evito que alguém me veja. No jardim estão alguns grupos de amigos, passam alguns casais de namorados e afasto-me de toda a gente. Não sei o que fazer, para onde ir, com quem falar, só sei chorar. Então choro mais e mais. Decido voltar para casa e não consigo parar de chorar.

Finalmente chego e apercebo-me que podia não ter saído. Não interessa para onde fui nem para onde poderia ter ido. Enquanto não souber separar-me de ti vou sempre estar fechada dentro deste nós que não existe e perdida naquilo que já fui (será que alguma vez fui?), que não sou... já nem sei como ser



...eu.

[Domingo, 07 de Janeiro de 2007]

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